Quando eu era pequena, mamãe jurava que os beijos
de novela eram montagem e que havia um plástico entre as bocas. Até que um dia
vi meu cunhado beijando a minha irmã no terraço, aí percebi que eles estavam
sem o tal plástico e pareciam gostar muito daquilo. Se a minha avó tivesse
visto o que vi, talvez dissesse que não era aconselhável uma mocinha ficar
recebendo ósculos na porta de casa. Mas porque tanto rodeio para falar do tal
ósculo que nada mais é do que beijo?
O certo é que de lá para cá muita coisa mudou. Até
a famosa escultura O Beijo (1836), de
Auguste Rodin passou por modificações para tornar-se atual. Em 2003, na mostra Days Like These, do museu Tate Britain,
de Londres, a artista plástica Cornelia Parker cobriu a escultura com um imenso
cordão de barbante. A atitude realçou um contexto histórico, pois quando O Beijo foi exposto pela primeira vez,
na Grã Bretanha, em 1905, foi considerado obsceno. A corda ao seu redor
representa certo erotismo. Da mesma forma, o beijo nosso de cada dia torna-se
cada vez mais exibido. Foi instituído o Dia Internacional do Beijo, 13 de
abril. Nada contra, mas algo tão bom deveria ser lembrado e praticado o ano
inteiro. No passado as cenas de beijo na boca exibidas na TV eram raras e
deixavam todos constrangidos na sala. Hoje elas estão em todos os lugares: na
escola, no ônibus, na rua, no outdoor. Beija-se muito mais hoje em dia ou será
que a exposição é que aumentou? Não importa, quando o contato entre duas
pessoas resume-se ao toque dos lábios, fazendo com que se esqueçam de tudo, revela-se
o sentido do beijo: uma troca perfeita.
O Beijo, de Rodin, com intervenção de Cornelia Parker |
Mas vai muito além. Tem o beijo na testa, no
rosto, na mão. Beijo de mãe, de namorado, de irmão, de amigo. Primeiro beijo, beijo
roubado, longo, esperado... Seja como for, é sempre envolvido pela casquinha do
prazer. “O maior desejo da boca é o beijo”, já disse Zeca Baleiro na música
Bandeira. O começo do dia, o fim da noite, um encontro, uma chuva, um banho de
mar... Tudo se torna especial quando selado por um beijo. Acredito que cada um
de nós tem alguma história para contar sobre o assunto.
Eu, por exemplo, jamais esquecerei aquela madrugada do dia 10 de julho de
2009 em Porto Velho (RO). Depois de uma noite agradável regada à música boa,
chopp gelado e papo repleto de descobertas e coincidências, chegava o momento
de voltar para casa. Como se não quiséssemos ficar longe um do outro, sugerimos
um lanche. Até paramos numa padaria, mas nada pareceu agradável e fomos embora.
Éramos um desejo de ficar juntos sem relógio por perto. O sinal fechou no
cruzamento da Rua Pinheiro Machado com a Avenida Governador Jorge Teixeira.
Bendito sinal, ficou vermelho para o mundo e verde para nós! Ele aproveitou
para fazer uma foto, para marcar aquele dia feliz. Chegou mais perto para fazer
a foto e depois me deu aquele que seria o primeiro de muitos e muitos beijos de
nossas vidas. Ali começou nossa história de amor, nosso namoro para sempre!
Ainda bem que aceitei o convite do Cassiano para sair aquela noite.
Antes do primeiro beijo (Primeira foto) |
Desde
aquele beijo minha vida ganhou outro sabor. Quero ver quem vai
dizer se há coisa melhor que beijar com/seu amor? Mas se você ficar só aqui
lendo, pode perder a chance de dar e receber beijos. Depois não vá me culpar
por isso. Calma, também não precisa sair correndo! Cuidado para não tropeçar e
acabar por beijar o chão, minha intenção não é essa. Aproveite que hoje é “o
dia” e vá à luta! Beijos e até a próxima!